Muitos de nós topamos praticamente qualquer coisa para ficar mais inteligentes ou para prevenir o declínio cognitivo à medida que envelhecemos. Quebra-cabeças, exercícios de memorização e jogos cerebrais são coisas que vendem bem hoje em dia.
Algo que não costuma ser recomendado é o estímulo elétrico faça-você-mesmo. É o que muitas pessoas estão experimentando, embora os riscos à saúde sejam incertos, escreveu Ana Wexler no “New York Times”.
Cientistas fazem experimentos extensos há 15 anos com estímulos transcraniais de corrente direta, em níveis centenas de vezes mais fracos que os empregados em terapia eletroconvulsiva, tratamentos de doenças mentais em que as correntes elétricas desencadeiam convulsões leves.
Wexler escreveu que os estudos sugerem que “os estímulos podem ser benéficos para tratar problemas como depressão e dor crônica, além de fomentar a cognição e a aprendizagem em indivíduos saudáveis.”
O tratamento, em que eletrodos são ligados com fios a pilhas de nove volts e ligados a vários pontos da cabeça, pode ser feito facilmente em casa. Muitos esperam com isso melhorar suas habilidades cognitivas, escreveu Wexler, “mas uma parcela significativa de pessoas faz o autotratamento de depressão, ansiedade ou déficit de atenção”.
Se você não gosta da ideia de utilizar seu próprio estimulador cerebral operado a pilha, talvez a melhor coisa a fazer seja parar de pensar tanto.
Foi esse o conselho proposto no “NYT” pelo neurocientista Moshe Bar. Uma mente sobrecarregada de informações nos impede de aproveitar o potencial pleno de nossa vida.
“A capacidade de pensamento original e criativo é nitidamente frustrada por pensamentos aleatórios, ruminações obsessivas e outras formas de ‘sobrecarga mental’”, ele escreveu. Seus estudos sugerem que “o pensamento inovador, e não a ideação rotineira, é nosso modo cognitivo padrão quando nossa mente está livre de excessos”.
O truque consiste em esvaziar a mente de pensamentos, algo que Bar procura fazer em um retiro de meditação onde passa uma semana por ano.
“Descarregar o excesso de informações em sua mente, quer seja através da meditação ou alguma outra prática pode resultar numa experiência do mundo ampliada”, escreveu ele no “NYT”.
Mas, mesmo que consigamos chegar a esse ponto, quão bem será que nos conhecemos?
Não muito bem, argumentou Alex Rosenberg no “NYT”.
“Experimentos em ciência cognitiva, neuroimagens e psicologia social já demonstraram que podemos nos equivocar em relação às nossas motivações reais, à justificativa de crenças arraigadas que podemos ter e em relação à precisão dos nossos sentidos”, escreveu Rosenberg.
Ele relatou que humanos e outros animais desenvolveram habilidades de leitura da mente de outros para poder antever ameaças e sobreviver. Mas ler a mente alheia é uma ferramenta tosca e que muitas vezes gera equívocos. A evidência sugere que a autoconsciência humana é simplesmente essa mesma habilidade de ler a mente alheia, escreveu Rosenberg, “virada para o outro lado e aplicada à nossa própria mente” — com toda a falta de confiabilidade associada aos palpites que aventamos em relação ao que outros estão pensando.
“Nosso acesso a nossos próprios pensamentos é tão indireto e falível quanto nosso acesso aos pensamentos de outras pessoas. Não temos acesso privilegiado à nossa própria mente”, escreveu Rosenberg. “Se nossos pensamentos dão o sentido real de nossos atos, nossas palavras, nossas vidas, então nunca poderemos ter certeza sobre o que dizemos, fazemos ou pensamos.”